Os meu colegas falavam-me sobre a possível avariação da miúda, mas nenhum daqueles a conhecia melhor do que a imaginação de cada um deles o permitia. Foi uma experiência boa e aprendi mais um pouco sobre o sentido da vida. Olinda é a vida na pura. Tão simples como complicada, tão doce e meiga como a agressividade em pessoa.
Foi também uma noite estranha e para não voltar a repetir. Experimentei algo novo, pronto, é positivo, mas não obrigado, chega uma vez na vida de um homem como eu! Olinda, a brincadoura, foi energia de mais para mim.
Dei por mim a conduzir o carro na direção de casa. Fiz inversão de marcha. Tentei concentrar-me na condução. A minha cabeça estava dispersa entre o que iria fazer para não desiludir o chefe e o fato ter de ter um trabalho em mãos para resolver. Por um lado, tinha que safar a coisa do cliente, por outro, sacar a Olinda para jantar. As duas razões acabavam comigo a passar um tempo a mais com a Olinda. Não me sentia-a à vontade com as duas porque não conseguia pensar na primeira sem me perder nas mamas da segunda.
Tinha que fazer este telefonema e tinha de a convidar para jantar! Estacionei o carro no primeiro lugar que encontrei. Corri a lista dos meus contactos até ao “o”. Escolhi o destinatário e carreguei no botão verde. O telefone tocou umas vezes e a voz dela substituiu o sinal de chamar:
- Estou?
- Estou? Olinda?
- Olá! Será que me esqueci de alguma coisa no escritório? – a voz dela revelou que esperava o meu telefonema… Raios chefe!
Conseguia ver o sorriso dela através da voz! Tinha passado um bom bocado a conversar de trabalho, mas o sorriso nunca tinha desarmado, ela sabia bem o que fazia!
- Não Olinda! A parte profissional foi impecável! Acho que estamos no caminho certo.… e não foi por isso que lhe liguei! Estou a caminho de casa e dei por mim com vontade de ir jantar fora! Como a Olinda disse que tinha vontade de experimentar o novo restaurante da Bica, pensei em convidá-la!
A Olinda fez silêncio! Do meu lado, o tempo de espera pela resposta foi longo. Mas na realidade ela respondeu prontamente:
- Prometes que vais tentar fazer-me rir? Se me fizeres rir, nem que seja apenas um bocadinho ao jantar, digo-te já que sim – A Olinda retirou a formalidade com que iniciei a conversa passando para um modo não formal!
- Não ligues, fora do trabalho sou sempre brincalhona! Mas, estou disposta a levar-te comigo a jantar! Estou mesmo com fome! - Ás 20:30 em minha casa! Enviou-te o endereço por SMS! Achas que consegues?
- Do meu lado está tudo bem! – aliás, eu não tinha muito a fazer até lá! – Ok envia-me a morada que eu dou com isso!
Até a essa hora não sabia o que iria fazer, pois eram ainda 19h. Depois de analisado o SMS vi que a morada não era longe. Decidi ir a casa tomar um banho e vestir algo mais casual!
O que me parecia ser algo simples ao principio, tornou-se um pouco mais complicado quando cheguei ao armário! Deveria ter ouvido a minha ex e se calhar ter comprado umas calças e uns sapatos novos! Vesti-me o melhor que podia para a ocasião, num estilo “casual Friday négligée”.
Ás 20:10 consegui estar à porta da casa da Olinda. Mas era cedo demais. Decidi sair do carro e dar uma volta ao quarteirão.
No meu passeio pensei mais um pouco na Olinda. Nunca tinha encaminhado os meus pensamentos a dedicarem-se um pouco mais nos detalhes da Olinda. Era uma mulher bonita e tinha mamas. Era o que guardava sobre ela. Que idade teria? Uma coisa é certa, ela sabia-se vestir e fazia-o como uma mulher nos trinta e muitos, plena da sua segurança enquanto modelo standard. Usava a roupa como um disfarce, fazendo de forma a que os ornamentos fossem sempre mais determinantes do que a sua própria estrutura física. Mas mamas, tinha-as sempre!
De acordo com o dia vestia-se de forma mais adulta ou mais teen. Usava a sua indumentária como argumento de vendas e fazia-o de acordo com a sua agenda. Sabia muito bem a quem queria agradar e como lá chegar, usando com mestria os seus decotes. Os homens sonham muito com estas coisas e a roupa impressiona o suficiente para nos distrair do essencial.
Apareceu vestida como uma mulher livre e eu não sei descrever o que isso é, dado que não estava dentro dos padrões normais que conheço! Mas estava magnifica. Longe do estereotipo, mas impossível de deixar escapar aos olhos e aos ciúmes das outras mulheres.
Nem recordo os detalhes do outfit que usava. O formato do seu corpo saltava para fora dos limites da costura e por isso ficava-lhe a matar. Não sou adepto de maquiagem, mas, neste caso, diria a todas as mulheres para a usarem. Da Olinda do escritório a esta personagem, estamos numa estratosfera maior.
A “doença genética” a que chamam velhice neste caso é uma bênção. Não há hipótese de uma mulher de 20 anos saber usar o seu corpo da forma que estes trinta e muitos o fazem. Que idade tem a Olinda? Não faço a mínima ideia, mas estes 5 anos a mais que ganhou fora do escritório dão-me alguma vontade de envelhecer, assim, como um processo conservador da natureza da mulher marcando-a como estando na sua plenitude sexual. Neste caso o crescimento da mulher dá-se em dois sentidos. Um que estende ao nível corporal, onde a carne do seu corpo preenche alguns dos lugares antes dados aos ossos, e outro que se estende ao nível da conta bancária, em que lhe é permitido usar artefactos ao seu alcance do seu bolso para revigorar a plenitude das energias corporais, marcando o erotismo.
Ao jantar a Olinda controlou toda a conversa e dá para compreender porque é que ela se safa tão bem com clientes machos:
- Ok!! Convidaste-me para jantar! Trouxeste-me a um sitio bonito, quase romântico! Como é que tu esperas que a noite acabe?
A minha inocência nestes jogos deixou-me de boca aberta, à espera que alguém me salvasse. Respirei fundo e formulei uma frase, o melhor que pude no momento:
- Espero divertir-me e tirar a cabeça do sitio onde está!
- Tens a cabeça fora dos ombros? – a resposta foi rápida e sem excitações. A Olinda era muito boa neste jogo de conversar. Todas as frases que lançava, o timing das suas respostas, e o teor das mesmas, era de quem tinha muita prática. Acabei por me deixar ir na conversa e assumi o “já que é pró que é”:
- Na verdade o dia no escritório foi difícil! Apesar de ter construído imensos cenários que explicassem a minha nova situação, o fato de as pessoas estarem em cima do acontecimento, apanhou-me desprevenido e tocou-me cá dentro! Acho que até hoje ainda não tinha pensado bem como a minha vida mudou! Qual a minha condição atual e de que forma isso irá afetar a minha presença neste mundo!
- Estás a falar de teres deixado a tua mulher? Queres voltar para casa?
- Não! Foi uma decisão tomada com os pés no chão!
- Há outra na tua vida?
- Não! A que tive até há umas semanas chega-me! Tão cedo não quero ter relacionamentos que me obriguem a chegar a casa e tirar os sapatos! … percebes, havia muitas regras, demais, com as quais eu não concordava. – Acho que que nessa altura ultrapassei o que era suposto deste jantar. A Olinda não era minha amiga, era uma colega que concordou passar um bocado comigo e não ser minha confidente e retomou as rédeas da situação.
- Hoje, há o agora! E este agora pretende-se que seja fácil! Prometo que faço o pino contigo, até porque o jantar está a correr bem e o vinho é ótimo.
- Desculpa! Vamos fazer ginástica??
- Ginástica! Não! Para isso tenho o meu PT e pago-lhe bem. Mas, parece-me que estamos com grandes probabilidades de acabarmos a noite a dois. Diz-me uma coisa! O que fazes com o teu tempo livre?
- Bem, além do trabalho, procuro organizar a minha vida!
- OK! Trabalhas muito, tens a vida desorganizada, tens novos planos e pouco tempo… e para dar umas cambalhotas, ainda tens tempo?
- Não tenho tido muitas oportunidades! É difícil arrancar uma companheira quando não tenho mais do que um carro e um quarto de hotel
- Eu já tive com homens com muito menos do que tu! A tua bagagem é mais do que suficiente para arranjares uma namorada!
- Mas eu não quero uma namorada!
- Pois, na minha opinião, isso não te cabe a ti decidir! Se te distraíres vais arranjar uma num instante. - Eu quero sair daqui contigo, mas também quero ter a certeza que sabes que não quero ser tua namorada! - Sabes que me chamam de Brincadoura?
- Quer dizer, eu não sei porquê! Mas, sobre o que é que é mesmo esta conversa!
- Sobre o hoje, o agora e o fácil! O não complicar nada! Vamos para minha casa?
O quarto da Olinda tinha uma cama redonda e carpete no chão. Aporta da casa de banho estava aberta e dava para ver que além de uma banheira existia também um jacuzzi. Perguntei-me quanto custaria uma casa destas, mas deixei a pergunta ficar sem resposta. Além da cama, apenas um armário. Não era um armário de roupa, pois, junto à casa de banho havia um corredor que dava acesso ao closet, cuja a porta também estava aberta.
Dentro do armário havia uma série de gavetas de vários tamanhos.
- Trouxeste preservativos?
- Bem, trouxe, mas estão no casaco, que deixei na sala!
Não falou, mas senti-me um amador! Abriu uma das gavetas e tirou uma tira de embalagens. Atirou-a para cima da cama! :
Vou num instante à casa de banho, já volto! Vai-te preparando!
Despi-me e agarrei o rolo de preservativos. Passei os olhos pela fita! Era variado. Cada embalagem era diferente. Tentei ler os rótulos, mas não conseguia ler com a luz fraca que o quarto tinha.
Não conhecia a marca, mas a oferta em diversidade era enorme: Confort Plus, Blowtex Skin, Air Sensitive, Prudence, e por ai a diante. A embalagem foi extremamente fácil de abrir.
Tentei colocar o primeiro preservativo, chamava-se “Hot or Ice”! Cheirava bem, mas soltou-se da minha mão e caiu ao chão!
Corri de novo a oferta do catalogo. Desta vez escolhi um que brilhava no escuro – espetacular! Enquanto esperava brinquei com o membro durante um tempo, fingindo ser uma espada Jedi. Foi algo que vi num filme e fiquei sempre com a curiosidade de fazer. A brincadeira foi interrompida pela voz da Olinda:
- Foge! Foge!
- O que? ???
- Foge! Vou-te procurar no escuro, mas quero que te escondas!
Fiquei arrependido de ter escolhido o florescente. Apesar de me ter levantado e procurado um qualquer lugar protegido, fui fácil de encontrar. Naquele momento a “Brincadoura” tomou conta da situação! A louca soltou-se e atacou-me os chacras todos. Combinamos que nos íamos comer de forma bonita e gostosa, mas afinal foi uma luta corpo a corpo, em que o primeiro momento acabou com ela em cima de mim, prendendo os meus braços com cada uma das suas canelas. Ótimo, pensei eu. Era mesmo isto que procurava. Já há algum tempo que precisava de uma coisa destas.
A Olinda sacou de uma agulha, comprida e fina. Mostrou-me o objeto pontiagudo e deu-me tempo para avaliar a situação. Fiquei um pouco surpreso com o objeto escolhido, mas confiei na Olinda. Muito devagar, para que eu tivesse plena consciência do que estava a acontecer, tirou um frasquinho que estava escondido na dobra do cobertor e introduziu a agulha lá dentro. Espetou-me a agulha na pele da mão, apenas o suficiente para que o liquido que se encontrava na ponta ultrapassar a pele.
- E o que é isto? – perguntei!
O efeito não demorou muito a fazer-se sentir e os meus braços e pernas ficaram paralisados. Podia sentir tudo, apenas me encontrava imobilizado. Uma sensação muito estranha tomou conta de mim, mas de uma forma que me deu tranquilidade. Podia sentir tudo, ver tudo e processar tudo. Estava como que em transe, meio drogado, mas lúcido. Apenas tranquilo e excitado.
- Não tenhas medo, é uma droga africana! – Boa, agora é que fiquei com medo – é uma espécie de tranquilizante. Apenas fará efeito durante um minuto ou dois e é totalmente inofensiva. Há muito que é utilizada para estas situações.
Fiquei deitado de barriga para cima e a Olinda trepou para cima. Colocou as duas mãos sobre o meu peito e aproximou a sua cara da minha. Apenas conseguia sentir a sua respiração. Procurei beijá-la, mas não me foi permitido. Introduziu o me coiso na vagina. Senti a temperatura dela. Estava bem molhada e quente. Os movimentos das suas ancas são ritmados e efetuam ciclos perfeitos. Senti o meu pénis ser esmagado dentro das suas coxas. Pequenos choques elétricos saltavam da minha pele para a dela. Estática por todo o lado.
Colocou as mãos atrás do pescoço e respirou fundo. Atirou-se para cima de mim e eu tive um orgasmo. Penso que durante os 30 ou quarenta segundos anteriores não respirei. Sustive a respiração, olhando aquela mulher a trabalhar em cima de mim. Abracei-a e apenas nesse momento reparei que todos o meu corpo estava de novo funcional. Mexi o dedo grande do pé esquerdo e depois o do direito.
Eu sei como arrancar a pele do pénis, apenas esfregando com a vagina! Queres experimentar? Acredita que depois disto, nunca mais vais experimentar algo diferente!
Eu não quis acreditar que ela estava a falar com a verdade que a coisa teria. Mas, pelo sim pelo não, exprimi-me com sinceridade:
- Epá, não desfazendo da oferta eu temo muito por o meu pénis. A pele dele parece-me que está muito bem assim! Podemos fazer uma coisa mais tradicional?
Ela não respondeu, mas riu-se, segura de que eu não estava a distinguir sobre o que ela dizia por piada ou quando estava a falar a sério! Mergulhou de novo debaixo dos lençóis e abocanhou-me as virilhas. Temi pelo zézé, mas ao contrário do que o meu receio avisava, apenas senti um enorme prazer em sentir a sua boca no meu membro. Os joelhos dela, não me perguntem como, apertavam-me as pernas, uma contra a outra. Apenas consegui mexer os braços, que estavam agarrados ás mãos, as quais agarravam aos lençóis, fincando as unhas com força. Beijou-me e abraçou-me o braço. Encostou a orelha ao meu peito. Sentiu o meu coração.
Finalmente, a Brincadoura deitou-se de ventre para cima! – respirou fundo e exclamou:
- Quando fazemos amor com alguém, acabamos por amar um pouco o outro! Por isso prefiro o sexo.
- Mas não pensas em amor a dois?
– Tu conversas de mais e baralhas-me! - Quando me apaixono levo durante um dia, para todo o lado, um pouco do homem que amo. Pode ser o cheiro. Pode ser um sorriso. Pode ser uma palavra. Qualquer coisa que durante o dia me permita parar e ter um pouco de vida só para mim. Nos entretantos, a meio de uma conversa, na casa de banho ou na mesa, a meio do almoço, paro o relógio e vou ao coração resgatar esse bocado que guardei e vivo um pouco a saudade que tenho de o voltar a ter.
- Mas isso é algo que deveria ser bom!
- Gosto de viver! Gosto de viver todos os dias. As minhas células gritam por vida, por vezes mais do que o resto do meu corpo aguenta. Tudo para mim é intenso. Riu-me desalmadamente se estou feliz e desfaço-me em lágrimas quando estou mesmo triste. Quando não gosto de alguém, odeio e é impossível não o demonstrar com todos os pequenos pedaços de carne que me compõem, mas quando amo é demais para mim. Nunca consegui exercer o meio termo sem me dar totalmente. Para mim amar acabou sempre como um erro! Qual o maior erro que cometeste até hoje?
Pensei, mas ela não me deixou acabar o pensamento:
– O meu foi amar um homem! Foi esquecer-me de mim e entregar-me a comer mais chocolate do que o meu corpo aguentava. Foram dias sem conta que me deitei ao lado dele sem dormir, apenas a ouvir o seu respirar. A olhar para ele, a cuidar dos seus sonhos. A planear os passeios que me prometeu e não demos. A detalhar pequenos arranjos no quarto de forma especial, só para ele. À espera que ao deitar, abraçado a mim, me dissesse “amo-te” antes de fechar os olhos e partir descansado para o sono. Desde aí que lutei para que voltasse a cometer este erro. Para que não voltasse a sentir-me assim tão completa. Sabes? As pessoas não se querem completas no amor. Isso tira a pica toda. Um casal quere-se combinado para poderem ser felizes, travando as suas lutas no dia a dia. Anda vamos para a casa de banho – deitados na pedra dura e fria, fizemos amor mais uma vez! Desta vez sem artefactos e sem histerias! No fim apenas me disse!
- E acabou! Não vamos voltar a ver o corpo nu um do outro!